quarta-feira, 11 de março de 2015

Operar por que, como e para que?

Já publiquei outros posts sobre o assunto, porém participo de algumas comunidades no face e tenho visto dia após dia polemicas sobre a necessidade e a realização da bariátrica.
Fico impressionada com algumas pessoas com sobrepeso, isso mesmo, sobrepeso, alegando não terem comorbidades e que se submetem à bariátrica. Operei a pouco mais de quatro anos e a equipe que me operou foi muito, digo muito mesmo, competente quando me orientou e explicou sobre o que era a bariátrica. Sempre tive em mente que iria fazer uma cirurgia de alto risco, de grande porte cujo resultado seria o emagrecimento e a mudança completa no estilo de vida.
A equipe teve o cuidado de me alertar sobre a possibilidade de crises de negação, depressão, da negação da imagem no espelho, do corpo feio e deformado nos três primeiros meses quando a perda é mais acentuada, fui para a mesa ciente dos riscos, dos prós e contras, mas sabendo que eu tinha no mínimo três comorbidades e um IMC de mais de 41, que minha coluna estava no máximo da resistência, meu coração já estava dando sinais claros de pane, minha respiração estava comprometida, tanto que não consegui fazer o teste da esteira, quase enfartei... mas fui e fiz, fiz porque antes eu passei por inúmeros profissionais, fiz exames, conversei com quem havia feito e compreendi que no meu caso eu iria simplesmente morrer se não fizesse.
Antes tentei tudo: academia, a coluna não deixou pois estava sobrecarregada, nutricionista, no fim meu metabolismo já não se importava com o tanto que eu comia, endócrino, a sibutramina deu o empurrãozinho final na minha hipertensão, os corticoides que tomava para a coluna faziam os ponteiros subirem dia após dia, e assim eu fui sabendo bem o que queria e o que teria.
Queria emagrecer e teria de viver sempre com reeducação alimentar e atividade física, porque o emagrecimento dos dois primeiros anos é a parcela de tempo para a gente conseguir se adaptar e passar a viver saudavelmente mantendo o peso. Eu sempre soube que o milagre era temporário, que haveria a possibilidade do reganho no segundo ano, dos platôs, das carências, dos riscos.
Fiz, e ganhei sim o brinde da estética, mas o que ganhei de mais valioso foi a chance de continuar viva.
Cheguei a cometer erros comuns, como deixar de suplementar porque meus exames davam normais, mas hoje sei que não podemos deixar a suplementação mesmo com exames normais, mesmo com alimentação regrada, pois a falta de vitamina B evolui em demência irreversível.
Eu fiz sim bariátrica, recomendo sim a quem já tentou de tudo e vive com a obesidade e seus males, mas jamais recomendaria para quem faz só por estética ou para quem chega ao ponto atroz de engordar para operar porque está com sobrepeso.
Minha rotina hoje é de suplementar com três suplementos, mais a injeção de citroneurim, mas colágeno para segurar a flacidez e academia três vezes por semana.
Se tenho cometido jacadas? Sim, não me orgulho nada disso, mas humanamente falando, eu como doce, antes comia todos os dias, agora raramente, e no outro dia compenso, sou hipoglicemica, faço dois dias por semana sem pão, isso quer dizer, sem nada, nem integral. Se como X? Como, um terço de um X duas vezes por ano... porque é o que consigo.
Vou a nutricionista sempre, faço minha bioimpedância sempre...
Operei por saúde... não por modismo.
Suplemento porque todos nós precisamos não porque me alimento mal... temos de compreender que nosso interior foi reorganizado e isso trás lá suas consequências.
Mas a culpa de muitos desses erros não é dos operados e sim das equipes que operam indiscriminadamente, sem orientar. Operam e pronto, o resto falta!
E pra terminar: graças a bariátrica estou viva.

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