sexta-feira, 20 de março de 2015

De Lagarta à Borboleta, sem esquecer o casúlo

Por vezes tenho me deparado com situações no mínimo constrangedoras e para não dizer absurdas entre gastroplastizados.
Quando a gente está lá, nos cem, duzentos quilos sente o preconceito na pela como muitas vezes tenho relembrado na vida e no blog, é triste, mas infelizmente algumas pessoas depois de emagrecer esquecem isso.
Ok, esquecer seria maravilhoso, apesar do meu psicológico não ser tão bem preparado assim, mas esquecer e passar a cometer o mesmo erro com outras pessoas, daí sim é o que chamo de absurdo.
Lembrando sempre que antes de mais nada, somos Ex obsesos e constante tratamento, então antes de  zoar quem está acima do peso, espelho e álbum de fotos são uma constante... Fomos lagartas e passamos a borboletas mas antes estivemos reclusos no casulo, e é exatamente esse casulo que devemos ter em mente quando pensarmos em ofender outra pessoa que ainda está obesa, porque se não fosse o aperto do casulo não seríamos borboletas, e cada um sabe onde o casulo mais apertou.
A dor que sentimos e nos levou a cirurgia, seja física ou psíquica não é diferente da dor de quem hoje muitos ofendem.
Lembrem-se sempre: não somos  magros porque nascemos magros, mas porque a ciência nos ajudou, então jamais deveríamos ser com os outros o que muitos ignorantes foram conosco.
Outro fator deverás estressante é o: "Ai meu Deus, você come tudo isso?" Cada um sabe do seu estômago e da sua vida, um organismo reage de forma diferente do outro. Se eu não bebo, não fumo e como a maioria das minhas refeições orgânicas ou integrais não é direito meu criticar quem não o faça... eu optei por isso, o outro optou por outra forma e cada um sabe de si.
Eu como sim doce, como sim chocolate, mas como um quadrado de chocolate uma vez ou outra, como doce light, vez ou outra, eu como sim um X duas vezes por ano, mas um terço dele. Sempre me recordo que a equipe que me operou dizia que não íamos ser privados de nada, mas sim limitados. Meu estômago tem 6cm, não cabe um X, mas eu como um pedaço uma vez ou outra e meu médico sabe, minha nutricionista sabe...
Eu não como farinha branca, a não ser uma vez por semana (nem no pão francês), dois dias por semana me privo até mesmo das farinhas integrais, mas isso não é regra, é consciência minha e opção minha, mas sei que quem com um pãozinho por dia também vai ter a mesma saúde porque não está cometendo pecado algum. Então resumindo, como de 250gr a 300gr em quatro anos de cirurgia sim, não como 100 gr ou 50 gr porque médico nenhum em sã consciência vai achar isso normal, suplemento sim, e vivo normalmente sem peso, com pouca gordura corporal.
Mas se alguém vive com 50Gr depois de quatro anos, que viva, pois cada um sabe de sim.
É  isso borboletas, mais foco na vida e menos no diz que me disse, porque todos são adultos e vacinados e cada um sabe de si. E principalmente: lembrem-se sempre de olhar os álbuns fotográficos antes de estender preconceito sobre alguém acima do peso: nós somos sempre ex obesos em tratamento...

quarta-feira, 11 de março de 2015

Operar por que, como e para que?

Já publiquei outros posts sobre o assunto, porém participo de algumas comunidades no face e tenho visto dia após dia polemicas sobre a necessidade e a realização da bariátrica.
Fico impressionada com algumas pessoas com sobrepeso, isso mesmo, sobrepeso, alegando não terem comorbidades e que se submetem à bariátrica. Operei a pouco mais de quatro anos e a equipe que me operou foi muito, digo muito mesmo, competente quando me orientou e explicou sobre o que era a bariátrica. Sempre tive em mente que iria fazer uma cirurgia de alto risco, de grande porte cujo resultado seria o emagrecimento e a mudança completa no estilo de vida.
A equipe teve o cuidado de me alertar sobre a possibilidade de crises de negação, depressão, da negação da imagem no espelho, do corpo feio e deformado nos três primeiros meses quando a perda é mais acentuada, fui para a mesa ciente dos riscos, dos prós e contras, mas sabendo que eu tinha no mínimo três comorbidades e um IMC de mais de 41, que minha coluna estava no máximo da resistência, meu coração já estava dando sinais claros de pane, minha respiração estava comprometida, tanto que não consegui fazer o teste da esteira, quase enfartei... mas fui e fiz, fiz porque antes eu passei por inúmeros profissionais, fiz exames, conversei com quem havia feito e compreendi que no meu caso eu iria simplesmente morrer se não fizesse.
Antes tentei tudo: academia, a coluna não deixou pois estava sobrecarregada, nutricionista, no fim meu metabolismo já não se importava com o tanto que eu comia, endócrino, a sibutramina deu o empurrãozinho final na minha hipertensão, os corticoides que tomava para a coluna faziam os ponteiros subirem dia após dia, e assim eu fui sabendo bem o que queria e o que teria.
Queria emagrecer e teria de viver sempre com reeducação alimentar e atividade física, porque o emagrecimento dos dois primeiros anos é a parcela de tempo para a gente conseguir se adaptar e passar a viver saudavelmente mantendo o peso. Eu sempre soube que o milagre era temporário, que haveria a possibilidade do reganho no segundo ano, dos platôs, das carências, dos riscos.
Fiz, e ganhei sim o brinde da estética, mas o que ganhei de mais valioso foi a chance de continuar viva.
Cheguei a cometer erros comuns, como deixar de suplementar porque meus exames davam normais, mas hoje sei que não podemos deixar a suplementação mesmo com exames normais, mesmo com alimentação regrada, pois a falta de vitamina B evolui em demência irreversível.
Eu fiz sim bariátrica, recomendo sim a quem já tentou de tudo e vive com a obesidade e seus males, mas jamais recomendaria para quem faz só por estética ou para quem chega ao ponto atroz de engordar para operar porque está com sobrepeso.
Minha rotina hoje é de suplementar com três suplementos, mais a injeção de citroneurim, mas colágeno para segurar a flacidez e academia três vezes por semana.
Se tenho cometido jacadas? Sim, não me orgulho nada disso, mas humanamente falando, eu como doce, antes comia todos os dias, agora raramente, e no outro dia compenso, sou hipoglicemica, faço dois dias por semana sem pão, isso quer dizer, sem nada, nem integral. Se como X? Como, um terço de um X duas vezes por ano... porque é o que consigo.
Vou a nutricionista sempre, faço minha bioimpedância sempre...
Operei por saúde... não por modismo.
Suplemento porque todos nós precisamos não porque me alimento mal... temos de compreender que nosso interior foi reorganizado e isso trás lá suas consequências.
Mas a culpa de muitos desses erros não é dos operados e sim das equipes que operam indiscriminadamente, sem orientar. Operam e pronto, o resto falta!
E pra terminar: graças a bariátrica estou viva.